COMENTÁRIO PRÉVIO: Mudam as pessoas, os países, as cidades, mas isto podia ser o que o DIÁRIO DE PERNAMBUCO ou o JORNAL DO COMMÉRCIO, ou ainda um dos canais de TV da cidade fazem quando descrevem um acidente entre CICLISTAS e MOTORISTAS no Recife. Somos sempre os culpados, MESMO ESTANDO CERTOS.
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Na última semana, uma jovem de 27 anos morreu após uma "interação" com um caminhão de combustíveis no Brooklyn, N.York, EUA. Esta é uma forma NEUTRA de se expressar à respeito de uma notícia dessas. Essa mesma notícia foi dada por um noticiário americano em duas versões, e está sendo usada aqui para exemplificar o poder das palavras. A mesma repórter deu as duas versões. Na primeira, no dia do acidente, a repórter entrevistou os investigadores e deu a seguinte manchete e um trecho da notícia:
CICLISTA MORRE APÓS BATER EM CAMINHÃO DE COMBUSTÍVEL NO BROOKLYN.
Uma mulher andando de bicicleta para o trabalho foi morta depois que bateu em um caminhão de combustível na terça de manhã, no Brooklyn.
A polícia disse que a ciclista de 27 anos estava na pista de bicicleta em direção ao norte e colidiu com o caminhão - que estava indo na mesma direção quando ele virou à esquerda em um cruzamento. O caminhão não tinha um sinal de parada. Investigadores disseram que a ciclista bateu na traseira do caminhão e foi puxada por baixo. Ela mais tarde foi declarada morta no hospital. Testemunhas disseram que a ciclista estava distraída em seu telefone celular.
No dia seguinte, a manchete e o texto haviam mudado:
MOTORISTA ENFRENTA ACUSAÇÕES QUANDO SEU CAMINHÃO FECHOU E MATOU UMA CICLISTA
Uma mulher andando de bicicleta ao trabalho foi morta depois que foi atingida por um caminhão de combustível na terça de manhã, no Brooklyn.
A polícia disse que ela estava na pista de bicicleta em direção ao norte e foi atingida pelo caminhão - que estava indo na mesma direção - quando ele virou à esquerda no cruzamento. Investigadores disseram que a ciclista foi puxada para baixo do caminhão. Mais tarde ela foi declarada morta no hospital. As autoridades disseram que a ciclista tinha o direito de passagem quando foi atingida.
Observe que não existe mais referência ao telefone celular.
No artigo original, parece que o motorista fez a curva certa e que por olhar no celular, a ciclista se chocou com ele. Na versão corrigida, o motorista é colocado como culpado e levado preso.
Porque são versões tão diferentes? O cicloativista Doug Gordon observa que a polícia tem uma longa história de culpar as vítimas. E questiona os jornalistas que cobrem estes eventos de morte de vulneráveis nas ruas sobre porque é tão importante ser o primeiro? Porque não esperar e fazer a coisa certa!? As palavras realmente importam e é como se existissem duas histórias diferentes aqui. Uma culpa a vítima. Outra o motorista. E o único fato em comum as duas é que a ciclista está morta.
Original da Treehugger, daqui!
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