Amigos...
Vejamos alguns fenômenos sociais relacionados com o uso das bicicletas no dia a dia.
Primeiro o uso mais comum, quando pessoas de baixa renda que já a usa bastante, amplia seu uso dentro da própria classe. Mais e mais pessoas de baixo poder aquisitivo têm adotado as bicicletas como alternativa aos transportes públicos. São pessoas que não podem dispensar nenhum centavo de seus parcos ganhos, nem com o transporte nem com o tempo perdido de trabalho em engarrafamentos monumentais, cada vez piores no Recife. Quem anda pelas ruas de Recife logo cedo percebe a grande quantidade de trabalhadores indo e vindo do trabalho pedalando.
Depois os mais jovens. Menos restritos por convenções sociais, até com uma certa rebeldia, o uso das bicicletas tem crescido na cidade com estes usuários. Claro que muitos pais não gostam disto, sempre preocupados com a segurança no trânsito e contra assaltos. E claro que ainda não é um público fiel. Faz uso mais por contestação, por economia também, que por uma racionalização dos recursos ou por opção real de mobilidade. Mas quem usa a bicicleta corretamente, e com frequência, serve de conscientizador deste público. Para fora da atitude de rebeldia, de questionamento apenas, usando quando jovem para mover-se, cria uma consciência de que é uma outra opção real de transporte. E que o carro nem é tão necessário assim.
Finalmente, temos o poder público. Tentando de forma irracional (ou talvez não tão irracional a$$im) continuar a impor soluções de mobilidade baseadas no uso do automóvel para o transporte individual, o poder público perde a chance de fazer hoje o futuro, retido pelo conservadorismo automotivo. São individuos que pouco ou nunca usaram a bicicleta como meio de transporte, mesmo quando jovens. Indivíduos que se acostumaram a que o sucesso e a felicidade estavam ligados a propriedade de um carro, de preferência grande, luxuoso e potente (Freud explica!). Usaram a bicicleta apenas como item de lazer e associaram o uso dela como meio de transporte das classes mais baixas. Longe de ser uma opção ainda é vista como sinal de POBREZA ou NECESSIDADE extrema.
Por isto, vai demorar para termos resultados visíveis da nova onda que está acontecendo hoje. Vai demorar o tempo necessário para quem hoje tem 15, 16 anos, amadureça e perceba que pedalar para o trabalho é muito mais fácil e menos estressante que ter, manter e usar um carro. É uma questão de tempo de amadurecimento dos conceitos envolvidos.
COMENTEM!!!
3 de fevereiro de 2010
AMADURECIMENTO CONCEITUAL PRECISA DE TEMPO
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DE OLHO NA BIKE
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