9 de novembro de 2011

RESPOSTA A JOÃO VITOR...

João Vitor... faz tempo que escrevi aquele post que vc comentou. Mas como é praxe minha, respondo a todos. Só que dessa vez, resolvi ao invés de responder no post mesmo, escrever um pequeno texto sobre o problema que continua, e não tem dado mostras que vai ser resolvido: o nosso excesso de dependência do automóvel.  Falam direto de CRACK na mídia, mas os viciados em carro passam em muito a quantidade de viciados em qq droga.  E isso consome espaço público, que o poder se encarrega de dedicar única e exclusivamente ao carro. O poder gerencia toda a mobilidade em torno do carro. Vamos ver...

Temos espaço demais, mas temos muitos carros.  Suma com os carros, sobra muito espaço. Se os carros sumirem, para que MAIS viadutos, MAIS pontes, MAIS estradas, etc? E a gente como se mexe, perguntam! Use os pés, pedale, pegue um ônibus. Como o ônibus é atrapalhado pelo excesso de carros, não anda. Como os carros não respeitam ciclistas e quase nunca os pedestres, andar ou pedalar é coisa para uns corajosos. Então o problema não é espaço. O problema é o carro. O excesso deles. O uso deles como desculpa para a falta de segurança urbana, a falta de investimentos decentes em educação, saúde, transporte, saneamento, e por ai vai. E para nem falar da roubalheira das mamatas para a construção de tanta obra pró-mobilidade com carro!

Mas enquanto os governos dependerem do carro nada rola. Todos as esferas de governo dependem financeiramente do carro e do que rola ao redor deles, e isso tem sido mostrado na mídia. É muito dinheiro que rola no ter um carro, no usar um carro, que o tem ou usa sabe! É imposto por cima de imposto, sendo parte considerável da arrecadação dos governos. E isso não só do carro em si, mas de todos os serviços que o carro agrega, da produção a manutenção, consumo de gasolina e alcool, e por ai vai. Até a mídia depende dele! Como noticiar de forma isenta qualquer movimento pelo aumento da rede de ciclovias, como a mídia vai lutar por um transporte de massa decente, se os jornais são cheios de ENORMES anúncios de ... carros! Se os horários nobres são preenchidos de anúncios de... carros!

Portanto, João, você está de parábens por ter descoberto que o caminho para a tranquilidade não está em comprar o último lançamento dessa ou daquela marca, mas em conseguir ir e vir de forma rápida e menos estressante. Mesmo que seja em horários fora do convencional.  Eu tb vou para o trabalho 6:30 e volto cedo, de ônibus ou de bike. Carro, eu tenho, mas uso pouquissimo. E tenho porque minha mãe que mora comigo é uma pessoa de idade, e volta e meia preciso leva-la a algum lugar. Fora isso, carro só serve mesmo para uma boa viagem, porque andar com ele no Recife, está cada vez pior.

E vamos pedalando!

Rogério Leite


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