19 de setembro de 2009

BOGOTÁ PÔDE! RECIFE TAMBÉM PODE!

Amigos...

Bogotá, capital da Colômbia, até 1998 não tinha ciclovias. Hoje tem 330 quilômetros! Leiam esta matéria e entendam como! Os GRIFOS são MEUS!!!
------------------------
Bogotá: um paradigma mundial de transporte urbano sustentável
por FÁBIO DE CASTRO

Dezenas de especialistas de todo o mundo se reuniram em São Paulo na última semana para o congresso “Ar Limpo – Transporte sustentável e mudança climática”, que discutiu soluções para os complexos problemas ambientais criados pelos meios de transporte nas grandes cidades. A quase totalidade dos palestrantes mencionava a cidade de Bogotá (Colômbia) como paradigma, quando se tratava de defender que um transporte sustentável é possível.

“O segredo de Bogotá é ter conseguido convencer seus cidadãos de que é preciso ter uma cidade que inclua as pessoas e não os carros”, afirma Oscar Edmundo Diaz, diretor-executivo do Instituto para o Desenvolvimento de Políticas de Transportes (Nova York – EUA), e assistente do ex-prefeito de Bogotá, Erique Peñalosa na New York University.

A cidade de 6,5 milhões de habitantes sofreu uma modificação radical durante a gestão Peñalosa, de 1998 a 2001. A pedra de toque da “revolução nos transportes” foi o Transmilênio, sistema semelhante ao de Curitiba, com ônibus expressos circulando em canaletas elevadas, com pagamento antecipado de tarifas e embarque em estações elevadas. “O importante é criar um bom transporte público. Em todas as partes do mundo onde as classes altas usam transporte público, só fazem isso porque é mais rápido e mais econômico que o carro”.

O carro perdeu espaço nas ruas de Bogotá. A diferença salta aos olhos quando se comparam fotos do centro da cidade antes e depois da virada do século. Antes, havia engarrafamentos intermináveis calçadas cobertas de carros estacionados. Hoje não se pode dizer que não haja engarrafamentos, mas a população aprendeu a respeitar o espaço do pedestre. “Estacionar na calçada é como construir um puxadinho no espaço público. Quando decidimos acabar com isso, muitos reclamaram. Mas o ‘direito ao estacionamento’ não está em nenhuma Constituição. É um problema privado, que requer uma solução privada, com recursos privados”, diz Diaz.

Quando Peñalosa começou sua administração e mostrou, logo no início, sua disposição em tirar espaços dos automóveis, o reflexo na popularidade foi inequívoco: 18% de aceitação e 77% de rejeição. Houve inclusive um movimento pró-impeachment, que não vingou. “O que fez a diferença em Bogotá, é que tivemos um político especial, que não governa de acordo com as pesquisas de opinião, mas de acordo com um plano e uma missão de cidade. Tomava decisões sem se importar com o risco político que estava correndo”.

Decididamente não foi fácil para muitos habitantes receber a notícia de que a prefeitura decidira desistir da construção de um grande viaduto elevado (projeto semelhante ao do Minhocão, em São Paulo) numa via movimentada do centro. “Decidimos não fazer. O resultado foi que as vias do centro ficaram mais congestionadas ainda. Era exatamente o que queríamos”, afirma Diaz.

Os recursos públicos do “Minhocão” de Bogotá foram investidos, segundo Diaz, em ciclovias, saneamento básico e recuperação urbana, sobretudo das áreas de pedestres. Não havia ciclovias em Bogotá até 1998. Hoje, são 330 quilômetros, utilizadas por 350 mil pessoas que vão ao trabalho de bicicleta todos os dias – incluindo Oscar Edmundo Diaz, quando ainda morava em Bogotá. As ciclovias são integradas com terminais de transportes coletivos. Os ciclistas pedalam livremente, zombando dos motoristas parados nos engarrafamentos.

Hoje, 21% dos usuários do Transmilênio possuem um carro, mas o deixam na garagem para ir ao trabalho, porque é mais rápido e econômico ir no coletivo. “Construímos jardins da infância, colégios, piscinas, bibliotecas nas áreas pobres de Bogotá com recursos das obras viárias. Colocamos em segundo inclusive os metrôs, muito caros. É preciso decidir prioridades”.

O local onde seria projetada uma autopista de oito faixas ganhou, no lugar da estrada, um parque linear de 45 quilômetros, para pedestres e ciclistas, passando por um bairro pobre. “Não aceitariam isso em São Paulo, ouço dizer aqui. Mas a maioria não aceitou também em Bogotá. Começaram a perceber depois as vantagens de se ter uma cidade voltada para a pessoa”, diz Diaz. Apenas no último ano de mandato a popularidade de Peñalosa foi restabelecida, com 50% de aprovação.

Outro projeto redesenhado foi o do asfaltamento de áreas pobres da periferia. “Para que asfaltar se as pessoas ali não têm carro? Para elas comprarem um? Para dar uma aparência de ‘desenvolvimento’? Eles não precisavam disso, mas de creches e escolas. Em vez de asfaltar, construímos lindas ciclovias ao lado das ruas de terra”, conta Diaz.

A experiência de Bogotá, incensada por especialistas do mundo inteiro, é sintetizada por Diaz: “mais obras viárias significam mais engarrafamentos. Mais túneis e viadutos significam mais engarrafamento. Mais asfalto também é mais engarrafamento”.

Fonte: Agência Repórter Social
Reprodução integral de: BICICLETA NA VIA

4 comentários:

  1. Sem comentários.

    O que mais me impressionou foi:
    “O que fez a diferença em Bogotá, é que tivemos um político especial, que não governa de acordo com as pesquisas de opinião, mas de acordo com um plano e uma missão de cidade. Tomava decisões sem se importar com o risco político que estava correndo”.

    ... realmente é o que faz a diferença ...

    ResponderExcluir
  2. Leo... interessante é que as matérias sobre trânsito que fazem nos jornais de Recife SEMPRE falam sobre as OBRAS que vão melhorar o trânsito. Não se vê um único comentário sobre COMO TIRAR OS CARROS DAS RUAS! Paris e Bogotá fizeram isto, cada uma a sua maneira. Mas fizeram! E só isto melhora o tráfego.

    ResponderExcluir
  3. Nos temos um Otimo exemplo aqui mesmo no nordeste de como dar prioridade a um transporte saudavel que é a Bicicleta. estive no ultimo mes de agosto em Sergipe e tive a Oportunidade de conhecer o estado todo e vi o quanto principalmente aracaju é avançado em relação a ñós pernambucanos no quesito ciclovias e qualidade de vida dos seus moradores.

    la em aracaju por exemplo em toda grande avenida que passava tinha uma ciclovia seja no canteiro central ou no lado direito das avenidas e ruas, aracaju seria um bom exemplo aos nosso governantes de como dar prioridade a esse meio de transporte tao barato e com tanta qualidade de vida e rapidez!

    ResponderExcluir
  4. Fotos Marcos... queremos fotos do "crime" de Aracaju! Então os políticos de lá PEITARAM os "popós"? Cabra-macho! Os donos de "popós" devem estar se comendo de raiva de ter de dividir as avenidas "DELES" com 'incultos, ignorantes e pobres' usuários de bicicletas! Arranja umas fotos destas ciclovias que eu publico aqui... quem sabe a gente consegue algum "eco" na cabeça dos nossos vereadores e do prefeito?!?!

    ResponderExcluir

OPS... Este espaço é seu, respondo a todos os pitacos que vocês enviarem, mas não modero, portanto, seja objetivo e mantenha o nível!!

DE OLHO NA BIKE



Click nas imagens e veja as fotos ampliadas no PICASA NA WEB!
Ei, QUER SUA FOTO AQUI TAMBÉM? Se tiver bicicleta nela, vale! Mande com uns 800 pixels de largura maior para CONTATO.RL@GMAIL.COM, com marca d'água, nome, email e/ou telefone. Atualizado todo final de semana.
No aguarde!

Original ROGÉRIO LEITE @ 2010