18 de setembro de 2009

MAIS E MAIS ENGARRAFAMENTOS

Amigos...

Recife transformou-se em um formigueiro automotivo. Uma cidade plana que orgulha-se de seu "passado holandês", mas que infelizmente não mostra a simpatia e a cordialidade deste povo no que se refere ao trânsito. Uma cidade que não aprendeu que ao crescer e se desenvolver, mais e mais carros iriam cobrar seu espaço na cidade que não tem como cedê-lo. Já perdemos tempo em não implantar políticas públicas que favorecessem o transporte de massa, o transporte suave, a integração modal e o convívio comunitário-profissional. E continuamos a perder tempo, tentando implantar medidas que "amenizem" o problema do tráfego, como o binário Encanamento-Arraial, a ponte de Santana, a 3ª Perimetral. Medidas estas que têm seus dias de validade contados mesmo antes de sair do papel. Afinal, ninguém deixou ainda de ofertar e vender carros! Então, gasta-se uma fortuna para arrumar espaço para os carros que já estão aí poderem andar um pouco mais rápido, sem fechar a torneira do novos 2.000 carros/mês que entram no jogo! Para que? Para que desalojar as famílias das 50 "casas populares" do final da Estrada do Arraial, local aonde devem ser construídos os viadutos que integrarão o binário Encamento-Arraial se em um ou dois anos depois de pronto, ele já vai estar superado? Para que investir milhões de reais em um corredor Norte-Sul, perfeitamente desnecessário se não existissem tantos carros na Agamenon Magalhães? Para que construir mais e mais avenidas, túneis, passarelas, como no caso da Avenida Herculano Bandeira no Pina, se em pouco tempo volta a ser impossível passar por lá nos horários de pico?

Porque isto é o progresso na versão dos nossos políticos.

Progresso, para eles, é fazer, não manter. É construir, sem ordenar. É transtornar a vida do cidadão para ser reconhecido como aquele que fez esta ou aquela benfeitoria, sem sustentabilidade em seus efeitos. E com isto, abrir a cobrança de mais e mais obras do mesmo jeito. E garantir mais e mais votos nas eleições, perpetuando nos cargos pessoas venais e sem preparo social, comunitário e humano.

Paris mostrou como se resolve o paradoxo crescer e desenvolver sem problemas de tráfego. A cidade ainda tem seus problemas, mas agiu e vem agindo para desestimular o uso do automóvel particular. Reduziu os pontos de estacionamento no centro, enfatizou o uso das bicicletas e dos transportes públicos, reduziu a largura de algumas avenidas aumentando as calçadas, e aumentou as dificuldades para quem quer ir de carro para algumas zonas. E é uma das cidades com melhor sistema de metrô do mundo. Resolver os problemas de Recife também poderia passar por medidas mais simples e mais baratas que a realização de tantas obras: reduzam as áreas de estacionamento zona azul, proibam a abertura de novos estacionamentos pagos, melhorem a integração da zona norte com o metrô. Definam e otimizem os horários de carga-descarga de caminhões e veículos de entrega. E invista em fiscalização séria e profissional, melhorem o treinamento dos profissionais da CTTU, aumentem seu quadro e deem mais mobilidade a eles com o uso de motocicletas e bicicletas. Nada adianta proibir sem fiscalizar, pelo menos até criar a "mentalidade da vigilância".

E finalmente, invistam na mobilidade por bicicleta. Criem e implantem paraciclos e bicicletários públicos em toda a cidade. Estimulem as pessoas a trocarem seu carro pela bicicleta. Aceitem que a nossa cidade foi abençoada por ser plana, por não ter ladeiras além das subidas das pontes, fazendo dela ideal para este modal de transporte. Acreditem que existe solução além das quatro rodas!

COMENTEM!!!

3 comentários:

  1. Muito bom o post! Tem uma entrevista na revista VEJA dessa semana 16/setembro/2009 com uma ambientalista que lançou o seu livro no Brasil com o título de: "A empresa verde". Em Paris, local onde reside, o seu livro já está na 3ª edição! Um das perguntas dos entrevistadores é:

    - Como combater a poluição causada pelos carros?
    - O ideal é que se use o carro o mínimo possível. ... Milhares de bicicletas foram espalhadas em pontos específicos da cidade e podem ser utilizadas pela população a um preço muito baixo. Essa ação visa a estimular o cidadão a trocar o carro pela bicicleta em trajetos curtos em precisar comprá-la, o que é muito ecológico. (continua)

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  2. Leo... Eu nem acho que seja papel do Estado prover estes meios ciclisticos. Em uma cidade em que o maior risco do ciclista é ser assaltado, acho que seria investir mal o dinheiro público. Melhor seria que o Estado anunciasse uma "virada" para o uso do transporte público, com "TOTAL GUERRA AO USO DO AUTOMÓVEL PARA O TRANSPORTE INDIVIDUAL". Seria encarecer estacionamentos, proibir a sua implantação no centro, fechar totalmente áreas e avenidas para os automóveis, meter CTTU em motos e bicicletas para evitar os estacionamentos irregulares com multas mesmo!... Só isto vai dar jeito no tráfego em Recife. Aumentar ruas, avenidas, pontes, etc, só prolonga a agonia!

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  3. Concordo com você. Talvez fosse melhor investir no transporte público, como é em Curitiba.

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OPS... Este espaço é seu, respondo a todos os pitacos que vocês enviarem, mas não modero, portanto, seja objetivo e mantenha o nível!!

DE OLHO NA BIKE



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Ei, QUER SUA FOTO AQUI TAMBÉM? Se tiver bicicleta nela, vale! Mande com uns 800 pixels de largura maior para CONTATO.RL@GMAIL.COM, com marca d'água, nome, email e/ou telefone. Atualizado todo final de semana.
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Original ROGÉRIO LEITE @ 2010