
Amigos...
Recife tem as
melhores condições naturais para um ciclista. Com apenas alguns morros na zona norte, é uma cidade praticamente plana. A geografia é auxiliada por uma urbanização simples, estruturada em ruas e avenidas cortadas por outras ruas e avenidas, com esquinas e muitos quarteirões. O clima é tropical, quente boa parte do ano e com boa umidade. O sol é forte, e as chuvas, no período de inverno, também. Por vezes, acontecem alagamentos e formação de poças grandes de água de chuva, muito devido ao fato de ser uma cidade praticamente ao nível do mar. Quando a maré está cheia e chove forte, a água não tem para onde escoar. Mas é um problema menor.
Acontece também que Recife tem a
pior infraestrutura para o ciclista.
O asfalto da cidade é da pior qualidade e muitas ruas em bairros perto do centro ainda precisam ser asfaltadas. Muitas ruas são calçadas com paralelepípedo, um péssimo piso para ciclistas. Outras, em especial grandes avenidas, são feitas de placas de concreto. Economicamente podem ser ótimas se bem feitas, mas que com o passar do tempo assentadas em terreno originalmente pantanoso, assentam de forma irregular, ficando mais alta em uma das pontas. Péssimo pedalar nelas assim, como na av. Norte ou na Imbiribeira. Ínfimo problema para os carros. Muitos problemas para nós!
A sinalização da cidade também é muito deficiente, as ruas e avenidas não têm placas com nome, os sinais de pedestres costumam ser acertados para 9 segundos, tempo suficiente para uma pessoa adulta, nova e em boas condições físicas. E quando são idosos, cegos ou cadeirantes? Muitas áreas públicas carecem de uma sinalização mais efetiva. Muitas travessias de pedestres são mau sinalizadas, muitas ruas são de duplo sentido quando só deveriam ser de sentido único. Parece que o papel normativo, preventivo e racional da CTTU sumiu. Só tem espaço para o papel punitivo. Pensam apenas no tráfego de veículos, esquecendo que pedestres, ciclistas e pessoas com capacidades físicas reduzidas também são cidadãos, também pagam impostos, também vivem aqui!
A fiscalização da prefeitura é altamente ineficiente. Muitos proprietários de negócios acham que por isto podem deixar seus clientes usarem a calçada como estacionamento, porque não serão multados e não precisarão investir em espaço para estacionamento regular. As calçadas viraram terra de ninguém, prejudicando cadeirantes e pedestres. Indiretamente, nós ciclistas é que temos que nos “virar nos 30” para evitar os pedestres que expulsos por estes estacionamentos irregulares, passam a via pública, oferecendo risco para ambos!
As linhas de ônibus são relativamente bem posicionadas, mas tem muitas linhas passando na mesma via. Penso que um processo de integração mais efetivo seria mais interessante, evitando tantos PE-15 vazios e tantos CDU lotados! Menos linhas mas com mesmo número de ônibus, bem entendido, ou mais. Organiza-los melhor poderia reduzir o risco para nós ciclistas, melhorar o desempenho do transporte público, atrair mais usuários e esvaziar a rua de carros. Curitiba que o diga!
Finalmente, o mais importante, Recife apesar de ter uma enorme massa de ciclistas, pessoas de todas as faixas etárias, mas que em geral, são das camadas mais necessitadas da sociedade, não tem políticas públicas para incentivar e promover uma integração maior dos ciclistas ao tráfego. Estas pessoas são tratadas como uma subcultura, pessoas que perturbam o tráfego “normal” dos carros. Não são vistos como expoentes de uma nova classe de pessoas, que movimenta-se sem poluir, sem sujar o ar, com o mínimo de desperdício de energia. São tratados como subgente.
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