Amigos...
Ontem tive mais uma oportunidade de desfrutar da companhia dos já "amigos velhos de pedalada" durante o passeio noturno do Corujaqueira, um dos mais organizados e técnicos de Recife. O grupo conhecido na cidade realiza um passeio noturno semanal que reune uma quantidade enorme de pessoas. O de ontem tinha em torno de 300 ciclistas.
Nossa cultura e formação é voltada para o uso do automóvel, e a ruptura deste condicionamento é muitas vezes dificultada pela falta de um treino adequado do ciclista. Qualquer pessoa pode comprar uma bike e, se souber, sair pedalando da loja! Muitos de nós aprenderam a pedalar na infância e, como pedalar não se esquece, passamos das simples brincadeiras infantis a "hábeis" ciclistas de rua. Acreditamos nisto, e nem nos damos conta da diferença que é pedalar em um parque ou rua sem movimento e pedalar no trânsito caótico, incivilizado, irracional e completamente desordenado que é o trânsito em Recife.
O trânsito pode ter regras definidas aplicáveis a todos os que participam, mas que muitos simplesmente ignoram, ou não querem seguir, pelos mais diversos motivos. O ciclista que passa a usar a bicicleta como meio de transporte, o comutador, precisa passar por uma adequação de seus conhecimentos e do seu corpo, para poder não só pedalar, mas desfrutar do enorme prazer de pedalar. Saber pedalar é portanto, apenas um dos requisitos para que o ciclistas vire um comutador. E para obter os demais, é que entram os passeios noturnos e diurnos de bike pela cidade.
Nestes passeios aparecem todos os tipos de ciclista. Desde aqueles que acham que pedalar continua sendo uma brincadeira, e correm e freiam, e cortam zig-zagueando pelo meio dos demais. Tem que ache que pedalar é bom, mas arriscado demais, e que só conseguem fazer isto com tranquilidade se for dentro do passeio. Muitos até gostariam de pedalar para o trabalho, para o dia a dia, mas têm medo. Medo de serem assaltados, de tomarem suas bicicletas, de serem feridos ou machucados pela violência da cidade. Mas também tem aqueles que, como eu, gostam de pedalar e consideram que de qualquer forma o risco existe. Quantos não são assaltados em paradas ou dentro dos ônibus? Quantos não são assaltados dentro de seus carros e casas? O problema existe, mas a opção de pedalar pela cidade, se não resolve o problema de segurança, pelo menos alivia o stress total que vivemos. Ih tergiversei!...
Voltando, mais importante que o passeio em si, é o papel formador que grupos como o Corujaqueira, o CicloAdventure e o APS têm sobre os participantes. Criar a consciência do seu espaço no trânsito, do uso de equipamentos básicos de segurança ao pedalar, de respeito ao pedestre e aos demais elementos em movimento nas ruas, carros, ônibus, caminhões, etc. Formar uma certeza de que o Recife é uma cidade ótima para pedalar, plana, sem grandes elevações, acessível na sua maior parte e relativamente segura em sua grande maioria, faz com que mais e mais pessoas percebam a utilidade da bicicleta como veículo para seus deslocamentos.
Torço para que o tráfego fique bem pior, as ruas ainda mais cheias, as pessoas se cansando todos os dias de perder tempo nos seus deslocamentos. Enquanto nós passamos pedalando e olhando, sabendo que estamos melhor com eles parados. E quem sabe, multiplicando os conhecimentos que os grupos nos passam em busca de uma cidade melhor!
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